Todos pensam que a pizza surgiu em Itália… Errado! A pizza não é de origem italiana, como a maioria pensa. Embora tenha sido em Nápoles, no séc. XVI, que se transformou no “pitéu” com a combinação perfeita que hoje conhecemos (molho de tomate a complementar a massa), o certo é que os egípcios, gregos e romanos já com sumiam este tipo de pão achatado, misturando farinha de trigo e água.

Não é consensual qual destas civilizações foi pioneira, mas sabe-se que há seis mil anos antes de Cristo, os egípcios desenvolveram a receita de uma massa, resultado de farinha e água, que serviu de base para a actual massa de pizza. A receita egípcia percorreu diversas civilizações ao longo da história. Os gregos, por exemplo, resolveram colocar a farinha de trigo juntamente com o arroz e assar tal mistura em tijolos quentes. Já os fenícios tiveram a ideia de adicionar cebolas e carnes por cima dessa massa…

Ah, também aposto que não sabiam que a melhor pizza do mundo é portuguesa... Mas, sim, não se pode falar em pizza sem ressaltar a contribuição italiana. Os turcos muçulmanos adoptaram o costume dos fenícios durante a Idade Média e, devido às cruzadas, a receita da “pizza dos fenícios” chegou à Itália por meio do porto de Nápoles. No começo, as pizzas eram destinadas aos italianos pobres, para acabar com a fome do povo, sendo adicionadas à massa apenas algumas ervas e azeite. Além disso, a pizza era comida como uma espécie de sanduíche, tipo calzone. Mas a história da pizza redonda inicia-se mesmo na cidade de Nápoles, onde está documentada a primeira pizzaria do mundo, que abriu em 1830 – a Antica Pizzaria Port’Alba, que ainda hoje funciona. Nessa época, já eram adicionados à pizza tomate, toucinho, peixes fritos e queijo. A fama da pizza espalhou-se pelo mundo inteiro, e a primeira pizzaria da história tornou-se ponto de encontro de vários artistas famosos da época, tais como Alexandre Dumas, que, inclusive, citou variações de pizzas em suas obras, facto que veio retirar o estereótipo de “alimento dos pobres” a esta iguaria.

Reza a história que em 1889 o cozinheiro Rafaelle Esposito serviu ao Rei umberto I e à Rainha Magherita uma pizza coberta com tomate (vermelho), queijo mozarela (branco) e manjericão (verde), representando, assim, as cores da bandeira de Itália. Margherita ficou tão encantada que Rafaelle acabou por batizar este tipo de pizza com o nome da Rainha. Daí até à disseminação mundial desta iguaria, sobretudo pelos americanos, foi um passo.

Contudo, atentem que a verdadeira pizza é a napolitana. Em 1982, foi fundada, em Nápoles, por Antonio Pace, a Associazione Verace Pizza Napoletana (Associação da Verdadeira Pizza Napolitana, em português), com a missão de promover a culinária e a tradição da pizza napolitana, defendendo, até com certo purismo, a sua cultura, resguardando-a contra a "miscigenação" cultural que sofre a sua receita. Com estatuto preciso, normaliza as suas principais características. E desde Dezembro de 2009, a pizza napolitana está protegida pela Comissão Europeia, juntamente com mais 44 produtos que têm o selo de "Especialidade Tradicional Garantida" (Specialità Tradizionale Garantita – STG). Segundo a associação, a Verace Pizza Napolitana deve ser confeccionada com farinha, fermento natural ou levedura de cerveja, água e sal. A pizza deve ser, ainda, trabalhada somente com as mãos. Depois de descansar, a massa deve ser esticada com as mãos, sem o uso de rolo ou equipamento mecânico. Na hora de assar, a pizza deve ser colocada em forno a lenha (apenas), a 485°C, sendo que, sobre a superfície do forno, não deve ser colocado nenhum outro utensílio.

A pizza deve ser obrigatoriamente redonda, não podendo o seu diâmetro ser maior do que trinta e cinco centímetros. Outra medida, a espessura no centro do disco, não deve ser maior do que cinco milímetros, e a borda não pode ser maior do que dois centímetros.

A variedade de coberturas é reconhecida pela organização, porém devem ter a sua aprovação, estando em conformidade com as tradições napolitanas e não contrastando com nenhuma regra gastronómica. Algumas coberturas são tidas como tradicionais, sendo elas (respeitando seus nomes italianos):
- Marinara (Napolitana): tomate, azeite de oliva, orégano (orégão) e alho.
- Margherita: tomate, azeite de oliva, queijo mozzarella e manjericão.
- Ripieno (Calzone), uma pizza recheada: queijo ricota, queijo mozzarella especial, azeite de oliva e salame.
- Formaggio e Pomodoro: tomate, azeite de oliva e queijo parmesão ralado.

Quando degustada, a pizza deve apresentar-se macia, bem assada, suave, “elástica” e fácil de ser dobrada pela metade. As bordas elevadas devem ser douradas. O gosto da massa deve ser de pão bem fermentado, misturado ao sabor ácido do tomate, aroma de alho, orégãos e manjericão.

Sim, já tinha dito que Portugal é o melhor do mundo a fazer pizza. E agora passo a explicar o porquê. Sardinhas, bacalhau, broa, presunto e azeitonas foram alguns dos ingredientes que convenceram o júri do Campeonato Mundial de Pizza que decorreu, há 15 dias, em Nápoles. “Veni, vidi, vici”, frase atribuída a Júlio César coube que nem uma luva à Seleção Nacional de "pizzaiolos", pois a equipa portuguesa arrecadou o 1.º lugar na competição por equipas, sagrando-se campeã mundial.

As seis pizzas apresentadas pela seleção foram elaboradas com produtos 100% portugueses e ingredientes típicos da gastronomia lusa, conquistando o júri constituído por anteriores campeões do mundo e especialistas internacionais nesta iguaria. Além do feito da seleção, António Mezzero, um italiano radicado em Portugal que organiza o campeonato nacional e lidera a equipa lusa, conseguiu obter o 2.º lugar da competição individual na categoria de Pizza Clássica, disputada com outros 480 concorrentes. É obra!

Posto isto, só me resta desejar bom apetite!

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