Nesta recta final de 2016, eis dois bons filmes a não perder nos cinemas…

"Beleza Colateral"

Após uma tragédia pessoal à qual não assistimos, Howard (Will Smith) entra em depressão e passa a escrever cartas para a Morte, o Tempo e o Amor - algo que preocupa seus amigos, e que vem sendo consequência dos seus quase dois anos de apatia e desinteresse total. Mas o que parece impossível, acaba por se tornar realidade quando estas três partes do universo lhe decidem responder... Morte (Helen Mirren), Tempo (Jacob Latimore) e Amor (Keira Knightley) vão tentar devolver o interesse pelo valor da vida ao protagonista.

Desde a morte da sua filha, Howard demonstra uma completa incapacidade de gerir a empresa de publicidade que dividia com os outros três sócios e amigos: Whit (Edward Norton), Claire (Kate Winslet) e Simon (Michael Peña). Como pretendiam salvar a empresa, eles contratam uma investigadora particular (Ann Dowd) para seguir Howard, para que possam provar que ele está incapaz de exercer as funções de gestor da empresa e, portanto, deixar de ser sócio maioritário. Ao descobrirem que Howard escreve a três entidades maiores: o tempo, o amor e a morte, os amigos vão fazer de tudo não só para provar a sua incapacidade, mas sobretudo, em lhe devolver o interessa pela vida.

Qual é a ideia do trio? Contratar três atores para desempenhar estes papéis, fazendo com que Howard sinta que só ele os consegue ver... Pelo meio, Howard ainda consegue conectar-se com uma mulher em luto pela morte da sua filha (Naomie Harris), que dirige um grupo de terapia.

O elenco é sublime, conforme podem ver. O enredo é, no mínimo, original, e o desenrolar é arrebatador. E quando já nos preparávamos para nos desligarmos do clímax crescente, eis que surge uma desconcertante reviravolta. Não percam este filme compulsivamente sedutor na sua abordagem.


"Passageiros"

Eis uma proposta para quem gosta de ficção científica, embora mais do que um filme do género, se trata antes de um filme romântico passado numa nave e no futuro…

A nave espacial Avalon segue a sua viagem de 120 anos entre a Terra e o local de estabelecimento da colónia Homestead II. A bordo vão cinco mil colonos em estado de hibernação, para não sofrerem os efeitos da passagem do tempo. Contudo, algo corre mal no trajeto e ao atravessar um campo de meteoritos a nave é danificada. Um dos efeitos dos danos resulta no acordar prematuramente Jim Preston (Chris Pratt), um engenheiro mecânico que procurava na nova colónia um recomeço de vida. Convencido de que estaria prestes a chegar à sua nova casa, Jim rapidamente percebe que acordou demasiado cedo. Com ele, desperta também Aurora Lane (Jennifer Lawrence), uma jovem e bela jornalista que procura ser a primeira a escrever sobre as colónias terrestres noutros planetas.

No fundo, eles são dois passageiros que acordam 90 anos antes do tempo programado. Sozinhos, Jim e Aurora começam a estreitar o seu relacionamento. Mas a sua paz é ameaçada quando descobrem que a nave está a correr um sério risco e que eles são os únicos capazes de salvar os mais de cinco mil colegas em sono profundo…
Neste futuro, temos naves espaciais capazes de viajar perto da velocidade da luz, estabelecer colónias noutros planetas e hibernação durante centenas de anos. Contudo, não deixamos de ser humanos, com dúvidas existenciais e a viver com as nossas emoções… Por isso, Passageiros acaba por ser um filme romântico passado no espaço, seguindo mesmo a lógica clássica dos filmes do género: rapaz conhece rapariga; apaixonam-se; algo ocorre que provoca a zanga e a separação de ambos; no final, um acto superior de amor acontece para voltar a reunir o casal, levando-o numa relação ainda mais forte. Aqui, pelo meio, temos ainda o acordar de uma terceira personagem, o Chefe Gus (Laurence Fishburne), que surge para dar ao casal os conhecimentos necessários para resolverem os problemas que enfrentam.

O realizador Morten Tyldum (o mesmo de “O Jogo da Imitação”) proporciona-nos um filme bem feito e com excelentes momentos visuais. Resulta particularmente belo e aflitivo o momento em que Jennifer Lawrence luta por sobreviver numa piscina sob efeito da gravidade zero. Mas, como disse, a dinâmica do filme assenta, em grande medida, na ligação amorosa entre Jim e Aurora.
O elenco do filme é pequeno. Ao longo do filme, apenas quatro personagens interagem entre si. Chris Pratt é exímio, variando de dramático a engraçado, e Jennifer Lawrence vai excelente, como em qualquer papel que lhe dêem e a química entre ambos resulta. O barman androide Arthur, interpretado por Michael Sheen, funciona bem como escape humorístico. Lawrence Fishburne tem uma intervenção breve, mas importante. Temos ainda uma brevíssima aparição de Andy Garcia como comandante da Avalon.

“Passageiros” é um bom filme. Está longe de ser perfeito, mas consegue se manter interessante grande parte do tempo. Tudo é bem produzido e o final surpreende…


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